12.3.09

Em busca do princípio

Há tempos não escrevo um texto longo. Escrever aqui não vale, com respeito aos dois leitores. Digo texto longo pra valer, profissional.
Este aqui foi uma tentativa nobre, sobre um restaurante.

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O olhar sofisticado dos chefs que se debruçam sobre os ingredientes e as receitas do Norte passa longe daquela porta acanhada, perdida no meio da geografia cantineira do Bexiga. O Amazônia, nova casa do ator paraense Paulo Leite (ex-Carimbó e Tucupy), se dedica a uma cozinha caseira e autêntica, saudosa de sua terra. E este é justamente o mérito do restaurante.O salão simples é dividido por um lance de escadas. Ao lado da entrada, um balcão e mesas que ficam perto de um bufê, o qual durante a semana atende quem trabalha na região com pratos variados, embora a casa sirva seu cardápio nortista também no almoço. Para escapar dessa movimentação, prefira as mesas do fundo. Entre as sugestões de entrada, está o substancioso tacacá, cujas folhas de jambu anestesiam a boca (R$ 11, individual), que no dia da visita estava um tanto salgado. A refeição pode prosseguir com pato no tucupi, ou com peixes, como tambaqui. O pirarucu, por exemplo, é servido ensopado com leite de coco e batatas. Certamente bem mais leve do que a maniçoba, a rica feijoada de folhas da mandioca, talvez a melhor surpresa da cozinha, a prova de que ali não espaço para modismos. Na sobremesa, variações do cupuaçu (em musse, creme, pudim), sorvetes da marca Blau’s (de Belém) e outras receitas, como o pudim de tapioca. É uma refeição que termina com uma sensação de que aquela experiência é necessária. A urgência de primeiro buscar o que é original e bruto do cozinheiro e suas tradições, para depois descobrir a beleza da técnica e do refinamento. Vale a pena. Amazônia. R. Rui Barbosa, 206, Bela Vista, 3142-9264. 11h30/15h e 19h/23h30 (sáb., 12h/16h e 19h/23h30; dom., 12h/16h; 2ª, 11h30/15h). Cc.: todos.