Há tempos não escrevo um texto longo. Escrever aqui não vale, com respeito aos dois leitores. Digo texto longo pra valer, profissional.
Este aqui foi uma tentativa nobre, sobre um restaurante.
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O olhar sofisticado dos chefs que se debruçam sobre os ingredientes e as receitas do Norte passa longe daquela porta acanhada, perdida no meio da geografia cantineira do Bexiga. O Amazônia, nova casa do ator paraense Paulo Leite (ex-Carimbó e Tucupy), se dedica a uma cozinha caseira e autêntica, saudosa de sua terra. E este é justamente o mérito do restaurante.O salão simples é dividido por um lance de escadas. Ao lado da entrada, um balcão e mesas que ficam perto de um bufê, o qual durante a semana atende quem trabalha na região com pratos variados, embora a casa sirva seu cardápio nortista também no almoço. Para escapar dessa movimentação, prefira as mesas do fundo. Entre as sugestões de entrada, está o substancioso tacacá, cujas folhas de jambu anestesiam a boca (R$ 11, individual), que no dia da visita estava um tanto salgado. A refeição pode prosseguir com pato no tucupi, ou com peixes, como tambaqui. O pirarucu, por exemplo, é servido ensopado com leite de coco e batatas. Certamente bem mais leve do que a maniçoba, a rica feijoada de folhas da mandioca, talvez a melhor surpresa da cozinha, a prova de que ali não espaço para modismos. Na sobremesa, variações do cupuaçu (em musse, creme, pudim), sorvetes da marca Blau’s (de Belém) e outras receitas, como o pudim de tapioca. É uma refeição que termina com uma sensação de que aquela experiência é necessária. A urgência de primeiro buscar o que é original e bruto do cozinheiro e suas tradições, para depois descobrir a beleza da técnica e do refinamento. Vale a pena. Amazônia. R. Rui Barbosa, 206, Bela Vista, 3142-9264. 11h30/15h e 19h/23h30 (sáb., 12h/16h e 19h/23h30; dom., 12h/16h; 2ª, 11h30/15h). Cc.: todos.