13.10.09

Fome sem relógio

Fome inquieta, geladeira vazia, preguiça de fogão e de supermercado e horário de esquisita não ajudam muito. Já visitei quase todas as opções na zona oeste para gente assim como eu. É por isso que eu virei cliente do Koni, uma temakeria muito simpática, que só tem um problema: djóvens.

R. Mourato Coelho, 1.103, V. Madalena. 11h/1h (4ª, até 3h; 5ª a sáb., até 5h).

6.10.09

Quase igual


A Yogurberry, uma rede de frozen yogurt coreana, abriu a primeira loja brasileira em dezembro do ano passado. É muito simples: o iogurte (cuja base é um pó importado) é processado por uma máquina dessas de sorvete soft (como aquelas casquinhas do McDonald's).
O sorvete é servido em três tamanhos e a porção pode levar coberturas, como frutas, caldas, cereais e outras guloseimas. Logo fiquei viciada e sempre arranjava uma desculpa para tomar mais um. Uma pauta ali perto, um almoço a duas quadras dali ou pura vontade - e o marido que tratasse de me levar.
O fato é que dia desses um colega do twitter disse que a porção estava menor. Com mais uma desculpa, fui lá checar. Fui mais duas vezes.
Resultado: anda irregular mesmo. Às vezes é farto (como no começo da loja), mas já tive azar. Em uma das visitas, me serviram pouco sorvete e um tiquinho de toppings.
No fim das contas, ainda é uma delícia.


Al. Lorena, 1.428, Jd. Paulista, 2645-8449.

4.10.09

A salvação do domingo

Sempre gostei de geleia. Mesmo quando eu só conhecia aquelas que vinham em copo de vidro, da turma da Mônica.
Hoje gosto ainda mais. De uma em particular: a de framboesa da Le Vin Pâtisserie. As frutas estão lá, mas o açúcar não irrita. Ela fica mais gostosa ainda no café da manhã, ali na Alameda Tietê, com um croissant quentinho do Henry Schaeffer.
Na tarde do domingo preguiçoso, reencontrei meu potinho na porta da geladeira. Esquentei um pão de campanha, abusei de cada porção e fui feliz.

O potinho da geleia custa R$ 12. Ela vale 90 dias na geladeira.

Le Vin Pâtisserie. Al. Tietê , 178, Jd. Paulista, (11) 3063-1094.

Amargo

O blog é sobre comida, mas há outros sabores que merecem espaço. Alguns deles, amargos.

Conheci Marilda Varejão, uma grande amiga, jornalista generosa, ética, dona de um texto preciso e saboroso, há quase dez anos. Minha primeira editora (quase mentora, eu diria), Marilda me ensinou muito sobre a reportagem. Compartilhou comigo os bons truques da entrevista - o papo que flui (e revela) e o jeitinho maroto que faz qualquer pessoa participar de uma pauta.
Além das obras de caridade, das questões ambientais e do bom jornalismo, uma das paixões de Marildex era o PT. Quem ligava para sua casa não ouvia as orientações costumeiras para se deixar um recado. Escutava uma propaganda para votar em Lula nas eleições. Não me lembro bem do texto, achava graça. Mas admirava muito seu fervor.
É por isso que me chocou tanto sua desfiliação do partido. Roubei o texto do blog de seu amigo, Ricardo Kotscho.
Acho que a saída de Marildex diz muito sobre aquela esperança que venceria o medo. E sobre quem é Marilda Varejão.

“Com imensa dor, mas com igual convicção, anexo a carta que estou levando hoje ao PT local. Sem mais, abraços, Marilda Varejão”, escreveu ela, e anexou a carta que reproduzo abaixo.
“Petrópolis, 23 de setembro de 2009
Ao Partido dos Trabalhadores
Há muito – mais precisamente desde quando, no “mensalão”, vi rolarem por terra ídolos como José Dirceu e Genoíno – venho pensando em fazer o que agora faço. Entretanto, movida pelo desejo de separar o joio do trigo e, de alguma forma, ajudar a reconstruir o PT local, mantive-me fiel ao partido, tendo exultado quando a cidade elegeu Paulo Mustrangi como prefeito.
Entretanto, apesar de Lula declarar que petista é como flamenguista, que permanece fiel ao time independentemente das derrotas, creio que para tudo nesse mundo há um limite. E não suporto mais ver esse homem – que acompanhei com ardor e paixão desde a greve dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo, SP, em maio de 1978 –, em nome da “governabilidade”, jogar por terra a própria biografia e os ideais de tantos quantos depositaram nele a responsabilidade de construir um Brasil mais justo e mais digno.
O mais lamentável em tudo isso é que, apesar da decepção, não nego sua capacidade e louvo seus feitos: é mérito seu mais de 35 milhões de brasileiros terem saído da linha de pobreza e nosso país hoje ser conhecido e respeitado em todo o mundo. Mas nem por isso Lula pode ser maior que o próprio PT nem fazer com que petistas históricos, como o senador Aloizio Mercadante se tornem alvo do achincalhe nacional.
Por tudo isso, em caráter irrevogável (irrevogável mesmo!), venho solicitar minha desfiliação partidária. Solitária em minha dor, saberei sempre a hora de estar ao lado das pessoas de bem que insistem na luta, como por exemplo o ministro Patrus Ananias. Mas me resguardo e estou a salvo dessa indigesta pizza que tentam jogar goela abaixo dos menos incautos.
Atenciosamente,
Marilda Varejão (título de eleitor 228802690159, zona 0085 seção 0018 cadastro 2407706) ”

3.10.09

Aquilo que se espera

Depois de alguns anos como repórter de gastronomia, cheguei a apenas uma conclusão: não quero ser chata. Às vezes é inevitável, mas não quero. A torta de limão da minha sogra me provoca o mesmo entusiasmo que o sorbet de chocolate 70% feito pelo pâtissier que adoro. E a feijoada que preparo me faz raspar o prato tanto quanto o brasato al barolo que comi na trattoria bacana dos Jardins.

É por isso que me permito ficar irritada com redes de doces. Simplesmente não é frescura. Ontem visitei uma delas, a Amor aos Pedaços. No ano passado, conheci a fábrica, na condição de jornalista, ouvi a história da fundadora, vi a matéria-prima. Parecia, em grandes proporções, a cozinha de uma doceira de bairro, caseira.

Tudo é muito bonito. O problema é ir às lojas.

Os bolos dulcíssimos e carregados de chantilly são a base do cardápio. Às vezes a receita até é honesta (caso do bicho de pé). Tudo isso eu espero, estou ciente. Só não me conformo com os preços absurdos (R$ 10 por um pedaço de torta com um pseudomarzipã), a 'carta de cafés' de enfeite e má educação generalizada dos funcionários.

Na unidade da R. Cardoso de Almeida, no sábado, um senhor perguntou o que seriam as receitas expostas no balcão. A moça muito gentil disse: "Ah, sei lá, é torta, é sorvete, é doce". Era sorvete da pior qualidade. Mas ela não precisava ser tão adorável.

Moral da história: errada estava eu de perder meu estômago e meu tempo no sábado. Sobretudo se eu já sabia o que esperar.

2.10.09

Tacho quente

Eu prometo escrever e não cumpro. Vai quase um torpedo, um tweet aqui. Se você estiver em São Paulo amanhã, sábado, vá até a feira da Vila Maria e procure a barraca de pastéis Monte Castelo. Aí é só ser feliz.

R. Araritaguaba, Vila Maria. Sábado, 7h/14h.