13.11.09

À vontade

Reprodução
Visitei três vezes o D.O.M. na vida, todas como pessoa jurídica. Em uma delas comi o PF, meio assustada com o peso da coisa toda, os garçons gentis demais, o lugar bonito demais, os preços altos demais para o meu bolso. Aí veio a comida, arroz, feijões (são dois, roxinho e preto), farofa, batatinhas, carne. Tudo tão familiar, embora tão bonito, que fiquei à vontade. E comi. Comi com gosto. Até tive tempo (e coragem) para comer todos os docinhos que acompanhavam o café - e ser eu mesma para falar com o garçom, como se fosse uma grande novidade, que um outro estavam uma delícia. E que um dia comi aquela semente, que ali estava envolta em chocolate, mas crua, crocante, na casa de uma amiga.
Mas a melhor visita foi a segunda. Eu estava ali, sentada em um banquinho do bar, à espera do padeiro para entrevistá-lo. Não tinha marcado com ele, fui de susto mesmo. Esperei, esperei. Tive tempo de falar com maître sobre a tinta desgastada, que sofreu como uma goteira provocada pelas chuvas fortes daquela semana. E perguntei sobre os patuás que vi atrás daquela porta enorme: se bem me lembro, umas fitinhas do Bonfim e o que mais me chamou atenção, sal grosso. Era para proteger o restaurante. E aí eu vi que é tudo muito chique, muito festejado, muito tudo. Mas ali tem gente.
O maître me levou então para ver as imagens dos santinhos na cozinha (São Benedito, São Jorge...) e me apresentou ao Geovane. Na minha ignorância, eu não sabia quem era. Mas o moço tão simpático e um tanto tímido me perguntou: "Você já conhece a cozinha?". Eu disse que não, meio sem graça, e ele então me puxou pelo braço, foi me apresentando para todo mundo, mostrando os caldos, as panelas de feijão, as grelhas das carnes, explicando tudo com tanta paixão, que eu esqueci onde estava e só fiquei ouvindo aquele homem abrir a porta da sua cozinha.
Aquele moço tão simpático é o Geovane Carneiro, braço direito do Alex Atala. Li sobre ele em um perfil da Playboy deste mês, feito pelo Jardel Sebba. O perfil era sobre o chef e contava que o moço-tão-simpático já emprestou dinheiro para o Alex abrir um restaurante. Mas tive a sensação de que o Geovane merecia um também.
D.O.M. R. Barão de Capanema, 549, Jd. Paulista, 3088-0761/3891-1311. www.domrestaurante.com.br

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