27.12.09

Receita de família

Sempre gostei de receitas de família, esse mistério, essa exclusividade caseira que ronda os cadernos amarelados e as invejas em amigos e vizinhos. Mas achava que rusgas e ciúmes culinários eram coisa exclusiva de filmes, novelas e gente caricata do interior.
Pois eu estou tentando entrar para uma família um tanto ortodoxa no assunto. Digo tentando porque papel de casamento não quer dizer nada se você não tem a sua receita exclusiva-sensacional-maravilhosa-secreta na casa dos pais do meu marido.
Descobri isso ao longo do ano e ficou tudo muito claro na hora dos preparativos do Natal, a apoteose da cozinha da família. O tio x tem a farofa disputadíssima; a prima y prepara um creme de milho inigualável; a outra tia é responsável por um tal rosbife; minha sogra, as sobremesas e a regência do banquete. Enfim, todo mundo tem sua arma.
Sou comilona profissional, mas cozinheira aprendiz. Mas tentei me arriscar. Pensei na farofa de Niterói, mas era simples demais para a ocasião. Me aventurei em uma bavaroise de coco com calda de ameixas. O pudim/mousse deu certo. O problema foi a calda-canalha. Refiz duas vezes. Em uma delas, consegui balas carameladas de ameixa.
Intrépida, arrumei uma vasilha de vidro bonitinha e levei. Sobrou bastante, não consegui vencer um pavê de batata-doce. Vou continuar tentando. Uma hora, entro para a família.

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